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Prólogo
Há alguns anos quando o Rio de Janeiro ganhou o direito de
sediar as Olimpíadas de 2016, muitas perguntas surgiram no ar acerca de
diversos aspectos diretamente ligados ao megaevento, como por exemplo: se
teríamos resultados expressivos nos quadros de medalha, se conseguiríamos
terminar as obras a tempo, se estouraríamos o orçamento, entre outras...
No entanto, quem é mais chegado ao mercado imobiliário só se
perguntava uma coisa: e a Vila Olímpica?
Da parte do público geral, o medo de ver repetidos os erros
da Vila do Pan surgia imediatamente no horizonte. Enquanto isso, naturalmente
havia por parte dos empreendedores o medo da “maldição da Vila do Pan”
atrapalhar as vendas de uma futura Vila Olímpica. Sendo assim, algumas
incorporadoras que foram sondadas, abriram mão de participar do projeto com
medo de evitar riscos.
Para quem não sabe, Vila Olímpica é o nome dado às
construções que recebem os atletas durante as semanas de Olimpíada e
Paralimpiada. Por serem compostas de uma quantidade significativa de
apartamentos (mais de 3000), usualmente as Vila Olímpicas são utilizadas
posteriormente como dormitório estudantil, moradias populares ou como gatilho
para desenvolvimento de novas áreas.
Por diversos motivos, entre eles a proximidade com o Parque
Olímpico, decidiu-se que a Vila Olímpica seria erguida no antigo terreno do
Rock in Rio, ao lado do centro de convenções (e também sede de competições no
evento) Riocentro.
O nome do terreno acabou batizando também o consórcio criado
para a construção (Carvalho Hosken & Odebrecht), e também foi utilizado
como nome do condomínio: Ilha Pura. Ao contrário do que tradicionalmente
acontece, os empreendedores optaram por construir no local um conjunto de
médio/alto padrão com acabamento de primeiríssima linha, área de lazer
imponente, paisagismo marcante que serviria para encantar não só os atletas mas
também para minimizar aquele medo inicial de repetir a Vila do Pan.
As obras foram iniciadas com dinheiro próprio dos
incorporadores, que só conseguiram o financiamento bilionário da Caixa na reta
final das obras. Na negociação foi decidido que haveria uma carência de alguns
anos antes do inicio do pagamento da dívida.
Mercado Imobiliário
No meio dessa conversa toda (entre 2010 e 2015), a região da
Olimpíada passou por um boom imobiliário significativo saindo de R$3.000/m² para
quase 8.000/m² com quase 8.000 unidades lançadas e vendidas. Alguns complexos
importantes surgiram como o Cidade Jardim, Bora Bora, Estrelas... mas nada da
Ilha Pura ser colocada à venda, apesar das obras no local estarem subindo fortemente.
A ideia, dizia o burburinho no mercado, era lançar o
empreendimento já praticamente pronto para dirimir qualquer tipo de dúvida
acerca de sua qualidade. E foi nessa postergação que a Ilha Pura acabou se
tornando um imenso problema.
Quando, no segundo semestre de 2014, o mais imponente stand
da história do mercado imobiliário carioca foi aberto, já era tarde demais. O
Brasil estava dividido politicamente, a Lava-Jato batia forte nas portas de
algumas construtoras (entre elas a OR, dona do projeto), a economia começava a
dar sinais de que embicaria para baixo, o desemprego começava a subir e o
mercado imobiliário começou sua perda de fôlego.
Por estratégia, foram colocados apenas 3 belíssimos
condomínios à venda: Millenio, Viure e Saint Michel. A expectativa é que o mix
variado, os prédios subindo, o stand magnânimo, a localização privilegiada, o
status de Vila Olímpica e um marketing ancorado num vídeo icônico da formidável
Fernanda Montenegro fossem suficiente para abrir as porteiras e justificar a
compra de unidades ao preço inovador de R$10.000/m². Não foi suficiente.
As vendas patinaram desde o inicio, mal chegando em 200
unidades. Restavam mais ou menos 3000 unidades de altíssimo padrão, de forma
que se fossem vendidas 1 unidade por dia, levaria quase 8 anos para zerar o
empreendimento.
De 2014 para 2015 o mercado encolheu 75%, de 2015 para 2016
mais 30%. Os preços obviamente se reprimiram com isso, e o mercado consumidor
que poderia consumir as unidades da Ilha Pura simplesmente deixou de consumir.
Os descontos passaram a ser a regra do mercado, afastando cada vez mais o preço
de R$10.000/m² de ser uma realidade plausível.
Cenário Atual
A Olimpíada chegou, os prédios foram testados e passaram com
louvor pela sabatina da imprensa mundial. Ok, nos primeiros dias houve alguns
imbróglios usuais para prédios recém-entregues, mas o saldo foi extremamente
positivo. Diversos atletas declararam que foi a melhor Vila Olímpica da
história. Maior mídia espontânea que um empreendimento já teve no Brasil! Resultado
de vendas desde então: praticamente zero.
O fato é que aparentemente o empreendimento pegou a estigma
de encalhado. Os corretores não trabalham mais o produto, os clientes não
buscam mais informações sobre ele, o consórcio passou por um downsizing significativo,
os jornais não dão mídia... enfim, hoje
o condomínio está lá bonitão por fora, com as áreas de lazer impecáveis, o
paisagismo lindo, mas absolutamente ninguém morando. Os poucos compradores
estão à espera do retrofit para ocuparem seus apartamentos.
Bom, nesse cenário fica a impressão de que não há outro
jeito para começar a vender do que um desconto significativo de preço. Só assim
para o empreendimento deixar de ser uma memória da Olimpíada e se tornar
propriamente um condomínio com vida. A grande verdade é que as perspectivas
hoje não são muito brilhantes para o conjunto que há pouco foi a cara do Rio de
Janeiro nos jornais mundo afora.
O grande problema é que qualquer descida de preço nesse
empreendimento afeta diretamente o mercado imobiliário inteiro. O número mágico
de liquidez dos principais pontos do mercado está na faixa de R$6.500/m²
(Recreio, região do Norteshopping, Barra Olímpica), só que nenhum deles oferece
uma infra-estrutura/acabamento próximos ao das 3300 unidades da Ilha Pura.
O fato é que a IP era um projeto de 30 anos que acabou sendo
realizado em 5. Possui um valor agregado incrível, capaz de deixar qualquer um
que procura imóvel babando por dias... como fãs desse mercado, estamos na
torcida para que surja uma solução viável para o empreendimento. No entanto,
hoje a possibilidade mais clara é uma significativa derrubada no preço para
melhora na liquidez.
Sendo assim, fiquem de olho no blog, pois um produto desse
nível num preço de Zona Norte é uma oportunidade única.
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Infelizmente perdeu-se uma grande oportunidade de vivenciarmos um mercado imobiliário mais maduro. Não nego a qualidade da Vila Olímpica na Barra, porém de longe não era a melhor opção. A melhor opção era a Vila Olímpica ser instalada na região do Porto Maravilha. Há vários projetos residenciais na região do Porto Maravilha que estão no papel, sendo que uma Vila Olímpica naquela área iria dar o estímulo necessário para que os mesmos saíssem do papel. Agora temos um Porto Maravilha sem projetos residenciais e uma Vila Olímpica encalhada, sem moradores....
ResponderExcluirQue bom que esse blog voltou. Quanto à redução de preço nos aptos da Ilha Pura, já lhe adianto: em se tratando de Carvalho Hosken, duvido que baixem muito o valor do m2. Irão locar as unidades e os locatários, caso decidam adquirir o imóvel, poderão descontar o valor pago com o aluguel. Dois prédios serão locados pela Promenade para servir de moradias à terceira idade. Concordo que o mercado esfriou e vender 3.600 unidades de um empreendimento que fica numa área inóspita (acho que ali é Camorim) não vai ser fácil. Mas a Carvalho Hosken não baixa seu preço. O Fontvieille no Península é a prova disso.
ResponderExcluirBom retorno!
E baixaram consideravelmente. Lembro que estavam oferecendo no segundo semestre de 2019 por 5500-6500 /m2.
ExcluirPois é, eu comprei e não acho justo baixarem o preço, seria uma grande sacanagem com os clientes.
ResponderExcluirinfelizmente, tu sifu...
Excluirquem mandou comprar na alta.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirO preço a inflação se encarrega de “baixar”. Infelizmente o brasileiro pensa pequeno. Na Espanha os proprietários reduziram os preços nominais durante a crise de 2008 e o mercado destravou. Aqui o brasileiro pede alto e vende pelo mesmo preço nominal anos depois achando que fez um bom negócio. Pegue o dinheiro do imóvel e more de aluguel num lugar agradável e invista a diferença. Depois de quinze anos compre o imóvel aonde voce se sinta bem com conhecimento de causa.
ExcluirOtima materia... trabalho no Rio Centro e sempre vejo esta obra gigantesca deserta.
ResponderExcluirAs construtoras precisam cair na real. Não dá para vender aquelas unidades por 10.000/m2 com essa crise. Fico imaginando a despesa que essas construtoras devem ter para manter tudo aquilo intacto. Nem alugando vão conseguir alguma coisa.... a cidade está lotada de imóveis encalhados sendo ofertados no aluguel. Se quiserem realmente vender, vão precisar seguir a tendência do mercado baixando os valores.
ResponderExcluirEstão oferecendo por quanto agora? 7 a 8k/m2? Gostaria de saber como se desenvolverão essas vendas...
ResponderExcluirOs condomínios e apartamentos são fantásticos, mas ali é Camorim. Tem absolutamente nada por ali.
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